quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Violência doméstica afeta desenvolvimento infantil

O Centro de Pesquisa da Criança e do Adolescente – PUC- SP revelou que 60% dos homens que espancam suas parceiras também são violentos com as crianças. Atualmente, existem programas de apoio às crianças vítimas de maus tratos, como o Plano Programa Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do direito à Convivência Familiar e Comunitária. A violência doméstica é um dano que contamina todo o núcleo familiar. Sendo assim, quando as mães são violentadas, as crianças que convivem com o problema são afetadas adquirindo diversos traumas.
As crianças que presenciam ou sofrem violência dentro de casa poderão arcar com conseqüências difíceis de serem resolvidas. “Afeta completamente o desenvolvimento psicológico e social, além de estabelecer diversos sintomas resultantes da violência”, explica a Assistente Social e Pesquisadora do Núcleo da Criança e do Adolescente da PUC- SP, Isabel Campos Arruda. Timidez, agressão, falta de vontade de participação e isolamento são alguns dos sintomas estabelecidos por quem sofre violência.
A pesquisadora alerta que a criança pode transportar o que viveu na infância para a vida adulta e ter uma vida perturbada e repleta de traumas. Muitas vezes, dependendo da situação em que a família se encontra, as mães são afastadas de seus filhos, os quais são encaminhados para abrigos. E para as crianças, crescer longe da mãe e do núcleo familiar é traumatizante.
Família é estrutura vital do desenvolvimento humano. “É um lugar essencial à humanização e socialização da criança e do adolescente, responsável pela formação e perspectiva de vida do indivíduo”, relata a psicóloga, Maria Izabel Calil Stamato.
Nos programas de apoio e abrigos criados para receberem crianças e adolescentes vítimas de maus tratos e violência, a maioria deles têm resultados positivos. O Programa Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do direito à Convivência Familiar e Comunitária foi criado para romper a situação de manter a criança longe do seio familiar. “A criança tem direito à convivência familiar e esses vínculos devem ser protegidos pelo estado”, alerta a pesquisadora Isabel Arruda.
Quando a criança está no abrigo, os responsáveis fazem de tudo para que a estadia seja breve, e não permanente. Só que tudo depende de como a família biológica se comportar. Se apresentarem uma melhora no comportamento e provarem que tem condições e estrutura de criar os filhos, a criança volta para casa. Porém, muitas vezes as famílias não apresentam melhora e acabam rejeitando os filhos, e nesses casos, as crianças são encaminhadas para adoção.
De acordo com o Núcleo de Pesquisa da PUC, 86,7% das crianças têm família, 58% mantêm contato familiar mesmo nos abrigos, 22% não mantém contato, 22% permanecem mais de seis meses morando nos abrigos e 52% permanecem nos abrigos por mais de dois anos.
O Plano de Promoção, Defesa e Garantia do direito À Convivência Familiar e Comunitária coloca uma mudança cultural e de ação para as famílias envolvidas. As crianças que são mantidas pelo abrigo vão à escola, fazem serviços domésticos e têm horário de lazer. Quando a família demonstra melhora no comportamento, a criança passa a ter um relacionamento mais próximo, para que a proposta de reaproximação possa ser trabalhada. O que se tem, muitas vezes, são famílias desestruturadas. É difícil, quase impossível trabalhar com os vínculos e bases familiares com as crianças longe dos familiares. “Toda criança deve ser mantida e criada pela família biológica, é um direito e uma necessidade”, finaliza a psicóloga Maria Izabel Calil Stamato.

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